O Natal e seus SENTIDOS

Natal

"[Do lat. natale.]

1. Relativo ao nascimento.

2. Onde ocorreu o nascimento.

3. Dia do nascimento. " Dicionário da Língua Portuguesa - Aurélio

O natal é a comemoração pelo nascimento de Jesus Cristo e a data dessa comemoração foi estabelecida no século IV, pois a data exata do nascimento não era conhecida.

Muitas tradições foram incorporadas ao natal como o enfeite de árvores, o presépio (que reproduz o cenário do nascimento de Jesus, uma manjedoura, animais, José e Maria e os reis Magos), e a troca de presentes relativa aos presentes trazidos pelos reis Magos a Jesus. A figura do papai noel é atribuída a um bispo turco chamado Nicolau (São Nicolau para a igreja católica) que ajudava as pessoas deixando moedas próximas às chaminés de suas casas.

Todas essas tradições surgiram de atitudes com bons intuitos que mais tarde acabaram perdendo seu sentido.

Até o fim do século XIX a roupa do papai noel era uma roupa de inverno na cor marrom. Na década de 30 a coca-cola, empresa de refrigerantes associada, em países como a Índia, a problemas como falta de água, poluição do solo e hidrográfica, dispersão de lixo tóxico e mistura de pesticidas no produto, lançou uma campanha publicitária em que o papai noel vestia-se com roupas de inverno nas cores vermelha e branca (as cores do refrigerante) e um gorro vermelho com pompom branco, figura criada (na verdade atualizada) por um artista chamado Haddon Sundblom, difundindo amplamente essa nova imagem pelo mundo assim como a grande idéia de consumismo relacionada à data.

Diversas outras religiões comemoram, ou não, o natal. No Hinduísmo, por exemplo, Cristo é tido como uma encarnação de Vishnu, uma importante deidade da religião e o natal é, para os hindus, a festa das luzes, quando o nascimento da luz venceu a escuridão. O Islamismo vê Cristo como uma espécie de profeta, porém não comemora o natal. Os Testemunhas de Jeová são devotos a Cristo, mas não comemoram o natal por não haver, na Bíblia Sagrada, nada atestando ser este o dia do nascimento de Jesus além de entenderem que festas de aniversário são de costume pagão. Mas todas as religiões, reconhecendo ou não o sentido do natal, celebram a vida e o nascimento como se dá no Budismo que lembra o nascimento de Buda. Diante dessas visões, qual seria a interpretação correta?

Os sentidos de amor e paz, passado por todas as religiões, é aflorado nessa época. Mas se refletirmos um pouco, concluímos: e o restante do ano, não deveríamos nos portar como no natal? Essa questão coloca a hipocrisia em evidência na vida das pessoas de um modo geral. Quantas vezes passamos por pessoas necessitadas sem notar sua presença, quantas vezes ignoramos a crueldade e até compactuamos com ela, quantas vezes cedemos ao consumo indiscriminado enquanto muitas pessoas passam fome? Muitas. A bolha do capitalismo nos leva a isso através do incentivo de práticas atribuídas a tradições, mas que no fundo não passam de estratégia e, mais uma vez, consumo.

Pensando nisso, será que o natal seria comemorado da mesma forma se o foco principal fosse a proposta inicial de celebração da vida? Os ensinamentos passados pelos "profetas" das religiões poderiam nos responder essa questão. Não há compaixão, não há amor nem vida onde há morte e sofrimento.

Morte

"[Do lat. morte.]

1. Ato de morrer; o fim da vida animal ou vegetal.

2. Termo, fim.

3. Destruição, ruína.

4. Fig. Grande dor; pesar profundo: " Dicionário da Língua Portuguesa - Aurélio

De todos esses sentidos a vida animal é uma que muito sente. No natal diversos tipos de animais que viveram em extremo sofrimento e tiveram o sentido da vida privado e banalizado são levados às mesas. E, devido à grande campanha da indústria, um natal sem um perú de natal não é uma comemoração feliz. O foco agora é qual a melhor marca, qual o melhor sabor e qual a mesa mais decorada.

Esquecidos por essas indústrias está também o povo com baixa renda, que engole as novas idéias e que também acabam incorporando esse espírito de propaganda. Mas muitas vezes é só esse espírito o que eles engolem.

O fato é que a grande data, o grande sentido do natal estão cada vez mais distantes, mesmo que inconscientemente, do amor incondicional pela vida, substituído pela realização e felicidade em ter um porco ou um perú mortos à mesa ou até por um presente. E isso é depreciar não só os sentidos do natal, mas também os sentidos dos pobres e dos animais.

Grande Natal a todos!